segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Linguagem e ensino da língua


Linguagem, dialetos e o ensino de Português

Sabemos que existem, segundo Geraldi, três tipos de linguagem contudo a que ele se aprofunda é a concepção dessa como forma de interação. Junto a isso é preciso lembrar dos meios de ensino da língua portuguesa, os quais devem ser repensados para que se tenham aprendizagens significativas nas salas de aula.
Há três diferentes concepções de linguagem, são elas: a linguagem como expressão de pensamentos (na qual quem não consegue se expressar é taxado como alguém que não pensa), a linguagem como instrumento de comunicação (a língua é um código que serve para transmitir mensagens) e a linguagem como forma de interação (os falantes da mesma interagem entre si e se tornam sujeitos). Conforme Geraldi, o foco principal de seu texto é a terceira concepção a qual também concordo ser a que mereça maior destaque. Tal modo de conceber a linguagem envolve não somente a língua escrita, mas também se debruça sobre a língua falada além de compreender que coexistem dialetos diferentes na nossa língua. Esses surgem devido a democratização escolar pois, atualmente, os educandos pertencem a diversas classes sociais possuindo formas variadas de falar. É necessário entender que essas linguagens, ou melhor, esses dialetos não são inferiores a chamada língua culta/padrão; eles são apenas diferentes e o professor precisa repensar sua prática a fim de ensinar aos alunos outra maneira de se usar a língua portuguesa. Não é porque as crianças não usam a língua padrão no cotidiano que elas não devem aprendê-la isso é preciso, todavia deve ser feito de uma maneira significativa e não com meras repetições de exercícios gramaticais.
Os meios de ensinar língua portuguesa nas escolas, geralmente, só se preocupam com a forma padrão fazendo distinção sobre as variedades existentes, além de discriminá-las. Concomitante a isso, Possenti afirma que precisamos ter bem claro o conceito de criança e de língua, sendo que esses podem ser observados na prática cotidiana. Logo, perceberemos que qualquer criança é capaz de aprender uma língua uma vez que domina as regras necessárias para falar a mesma; mesmo que as línguas sejam sistemas complexos, as crianças são capazes de aprendê-las. Além disso é preciso ressaltar o fato de diferentes dialetos coexistirem na nossa língua materna e que eles estão dentro das salas de aula. Portanto o professor deve ter ciência disso e de que é preciso ensinar a maneira "culta" da língua sem desvalorizar o jeito de cada um. Com isso, ensinar formas que nem se ouve e que pouco se encontra diariamente, é perder tempo de aula e cobrar isso dos alunos não faz sentido algum. Ao invés de fazer uso de livros literários, escritos no passado e com uma linguagem "ultrapassada", pode-se trazer para a classe jornais, revistas, informações da internet, ou seja, meios onde a linguagem seja mais contextualizada e próxima da vida diária dos estudantes. Claro que é possível utilizar tais livros, mas penso que se deter a eles, e a gramática, é um meio pobre de dar aula de língua portuguesa além de, provavelmente, não despertar tanto interesse nos alunos.
Enfim, concordo com Possenti ao afirmar que a diferença mais significativa é o valor social atribuído a cada variedade da língua, visto que há uma segregação, entre os falantes de dialetos populares e padrões, na qual esses últimos são mais valorizados em detrimento dos outros. Portanto cabe aos professores iniciarem uma mudança de pensamento, mostrando que essas variedades existem e devem ser respeitadas. É preciso ensinar os alunos que cada dialeto tem uma "situação social" em que é usado e promover experiências práticas para eles compreenderem isso. Então fica claro que, nos dias de hoje, ensinar Português baseado somente na gramática e em exercícios de repetição é uma forma de ensino sem significado e que precisa ser repensada visando aprendizagens de qualidade para todas as crianças.

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