segunda-feira, 22 de novembro de 2010

A língua de Eulália


O livro trata, de um jeito “atraente”, sobre as diferenças entre o português padrão e o não-padrão no qual o autor perpassa diversos exemplos para ilustrar isso. Ao iniciar a história ele mostra o preconceito das três universitárias com o modo de falar da empregada Eulália e, ao longo da mesma, como a linguista Irene resolve essas situações.
Ao mostrar que existem diferentes jeitos de falar a língua portuguesa o autor vai mostrando aos leitores que isso é normal, tem algum fundamento e que todas essas variações devem ser respeitadas e não tidas como erradas. Também aprendemos que existe uma norma padrão a ser seguida/ensinada, principalmente pela escola, todavia não é preciso se deter a ela. Isso ocorre para que haja um entendimento nacional da língua, entretanto no ensino da mesma comumente prevalece a linguística e isso pode ser complicado para todos, principalmente para aquelas pessoas que não falam a norma padrão da língua. Como sugere o autor, através de sua novela sociolinguística, pode-se aproximar as diferentes formas do nosso português e é isso que a personagem Irene tenta mostrar para as estudantes.
Ela aponta que a língua não-padrão tem diversas semelhanças com a língua padrão e que essa é uma forma mais simples, sem regras desnecessárias. Além disso, a primeira é aprendida quase que naturalmente, uma vez que se dá através da convivência com outras pessoas; já a segunda é ensinada pela escola e geralmente cria um abismo entre os falantes da forma não-padronizada e a língua padrão. Através dessa dinâmica muitos desistem de estudar não percebendo que a raiz do “problema” se encontra nas metodologias utilizadas para promover esse ensino.
Para exemplificar as variedades existentes nas formas não-padronizadas da língua portuguesa, Marcos Bagno aponta falas bem comuns como "os fósfro", "os home", "as pranta", "os broco", "as tauba", "a arvre", "trabaiá", o "R caipira", "tamém", além da "língua de índio" - Mim fazer” e durante toda a obra busca comparar os dois tipos de língua (padrão e não-padrão). Ele também destaca o fato de existirem diferentes sotaques dentro do nosso país, mostra que isso é normal, que devemos respeitar todos os modos de falar e que é possível uma pessoa do Sul entender outra que mora no Norte do Brasil, por exemplo.
Simultaneamente a isso, a linguista Irene faz as universitárias pensarem sobre a língua falada no nosso país e pergunta se é a portuguesa, visto que nós não compreendemos a língua falada aqui há séculos atrás e também não entendemos totalmente a língua portuguesa de Portugal. Logo, elas concluem que a nossa língua é “inexistente” já que foi formada por inúmeros dialetos e outros idiomas, bem como se trata de uma língua em constante mutação e cheia de variações.
O autor ainda fala que os preconceitos são mais sociais, como étnicos (o índio “preguiçoso”, o judeu “mesquinho”), culturais (desprezo pela “medicina caseira”), sexuais (machismo), sócio-econômicos (não valorizar os pobres, somente os ricos), do que propriamente referentes às diferenças linguísticas. Bagno também mostra que a norma padrão da língua pode ser redundante e que ela não aceita que é uma entre tantas variações dessa nossa língua portuguesa.
Enfim, essa obra busca exemplificar diversos dialetos existentes nesse território nacional e, mesmo que pareçam incompatíveis e estranhas tais pronúncias, elas tem uma explicação teórica e “uma razão de ser”. Portanto, a língua portuguesa não é aberta para encarar mudanças tão latentes na vida cotidiana dos milhares falantes desse país e acaba por distanciar a população, em sua maioria de baixa renda, das salas de aula da escola. É preciso rever essa postura, assim como a linguista Irene fez com as três universitárias, e parar para repensar o ensino da língua bem como agregar os conhecimentos trazidos pelos dialetos variados que surgem a cada dia.
(Acadêmica Thamy Rocha Alves de Souza)

Resenha do livro “A Língua de Eulália”
Acadêmica: Ana Lúcia Ferreira Braescher

BAGNO, Marcos. A língua de Eulália, a novela sociolingüística. Editora Contexto,1997.
Bagno é professor de Linguística da Universidade de Brasília (UNB), escritor e tradutor. Publicou diversos livros na área da sociologia da linguagem e do ensino de português, dentre eles, Norma lingüística (org.); Português ou brasileiro? Um convite à pesquisa; Dramática da língua portuguesa: tradição gramatical, mídia & exclusão social. Também escreveu para o público infanto-juvenil.

O livro “A Língua de Eulália” foi publicado em 1997. Ele é composto por 219 páginas, divididas em 21 capítulos. Ele apresenta a história de 03 garotas que viajam de férias à casa da tia de uma delas. Lá, tia Irene ensinará sobre as variações lingüísticas existentes em nosso país.
Durante a história, as variações lingüísticas as quais o livro se refere, são chamadas de português-não-padrão (PNP), enquanto que o português ensinado nas salas de aula, por seguir as regras gramaticais, é chamado de português-padrão (PP). O livro mostra que, em nossa sociedade, o PNP é falado por muitos, mas também é bastante discriminado, por não ser a forma “correta” de se falar.
Durante a história, são apresentadas diversas razões para a existência do PNP. As mudanças sofridas na língua portuguesa ao longo dos tempos, desde sua origem, é uma delas. O autor também aborda as variações lingüísticas em outros idiomas, mostrando que elas não existem apenas aqui no Brasil.
Além disso, o livro trata da abordagem do PNP na escola, pois ele faz parte da nossa realidade. Isso não quer dizer que ele seja ensinado, mas sua existência não deve ser ignorada ou discriminada.
Acredito que, pelo fato do PNP estar inserido em nossa sociedade, ele não deve ser alvo de preconceitos. Muitos herdam essa forma de falar do meio social em que vivem, pois aprendemos a falar muito antes de aprendermos o PP na escola. O PP é a forma adequada de se falar, mas temos que perceber que não existe o certo e o errado na língua portuguesa, uma vez que ela está em constantes transformações.

Resenha sobre o livro “A Língua de Eulália”
Acadêmica: Waleska Damasceno dos Santos

BAGNO, Marcos. A língua de Eulália, novela sociolingüística. Editora Contexto, 1997.

Sobre o autor
Marcos Bagno nasceu em Cataguases, Minas Gerais, em 21 de agosto de 1961. Depois de ter vivido em Salvador, no Rio de Janeiro, em Brasília e no Recife, transferiu-se em 1994 para São Paulo. Voltou a se fixar em Brasília em 2002, quando se tornou professor do Departamento de Linguística da Universidade de Brasília.
Diplomou-se em Letras pela Universidade Federal de Pernambuco, onde também obteve o título de mestre em Linguística. Obteve o título de Doutor em Língua Portuguesa pela Universidade de São Paulo e iniciou como professor do departamento de Linguística da Universidade de Brasília em julho de 2002.
Como escritor, Bagno iniciou sua carreira em 1988, ao receber o IV Prêmio Bienal Nestlé de Literatura pelo livro de contos A Invenção das Horas. Sua produção literária soma mais de 30 títulos. Desde 1997, tem se dedicado à produção de obras voltadas para a educação. Suas obras no campo da linguística se concentram principalmente nas questões relativas à crítica do ensino da língua portuguesa nos moldes tradicionais.
Aprendeu o francês estudando sistematicamente desde a infância e as demais línguas foram aprendidas de modo autodidata. Começou a traduzir por incentivo dos professores em 1981, ao ingressar na Universidade de Brasília. Na sua opinião, para ser um bom tradutor é preciso ser um bom escritor e ter espírito de pesquisador e, além disso, sempre duvidar do que parece "transparente" demais ao traduzir. Em sua atividade de tradutor conta com mais de 50 livros traduzidos do inglês, do francês, do espanhol e do italiano.

O livro A língua de Eulália trata de questões lingüísticas, onde faz uma longa trajetória pelos diferentes modos de falar o Português, ou seja, o modo padrão e o não padrão, e este é explorado em forma de novela, trazendo questionamentos, exemplos e esclarecimentos referentes as variações da língua.
O livro inicia-se com a viagem de férias de três amigas professoras do curso primário de uma escola de São Paulo, para a chácara da tia de uma delas em Atibaia, uma senhora mestre em lingüística, e que estava prestes a lançar um livro tratando de variações lingüísticas.
Ao chegarem à chácara de Irene depararam-se com Eulália, empregada e muito amiga de Irene, mas Eulália tinha uma peculiaridade, quando começou a trabalhar para Irene era analfabeta, e com a ajuda de Irene que montou em sua chácara uma escola de alfabetização de adultos começou a aprender a ler e escrever juntamente com outros adultos, que eram seus conhecidos.
Conforme Eulália conversava com as amigas Vera, Sílvia e Emília, uma delas achava engraçado o modo de como Eulália falava, que era um português informal e diferente do que elas costumavam falar, após este episódio e conversando com Irene Emília comenta sobre o modo de falar de Eulália dizendo ser “errado”, onde daí começa toda uma discussão sobre as variações lingüísticas, em que Irene explica que não há um falar errado, mas sim um falar diferenciado.
Através destes exemplos o livro nos transporta para uma reflexão sobre os variados modos de falar, que até então não tinha me dado conta, de que a nossa língua portuguesa já sofreu variações nos seus antepassados, e isto fica bem perceptível quando visitamos alguns museus e encontramos cartas com uma escrita muito diferente da que escrevemos hoje, e por não entendermos nada achamos que esta está escrita em outra língua, mas é pura e simplesmente o português de antigamente.
No decorrer do livro podemos também perceber exemplos com modos de falar, que quando vemos em nosso meio achamos inadequados e ridicularizamos as pessoas que falam de tal forma, mas esquecemos que muitas vezes em uma conversa cometemos estes mesmos “erros” e achamos até normal falar assim, quando este tipo de fala não vira bordão na boca dos jovens, que até o chamam de “gírias”, mas como as pessoas estão acostumadas a ouvir essas tais “gírias” por toda a parte, e é “moda” falar assim, ninguém acha graça, só tornando-se engraçado quando saído da boca de uma pessoa que fala diferente porque não recebeu as orientações do português padrão, e fala de acordo com a sua assimilação das palavras e em outros casos decorrente de sua localidade, desta forma percebemos o grande preconceito que rege a forma de falar das pessoas, transmitindo um grande nível de inferioridade para aqueles que não falam de forma unificada.
Desta forma concluo que para falar, as pessoas podem usar dos meios a que tem acesso, sem se sentirem inferiorizados, pois não há certo e errado, e sim variações da fala. Acredito que o português padrão surgiu como uma forma de estabelecer um dialeto global que no papel poderá ser compreendido em qualquer lugar do país, pois se não existisse ele e cada um escrevesse da forma em que fala, haveria um conflito de compreensões, em que ninguém se entenderia.
Mas um aspecto interessante que ocorre em nossa língua e acho relevante mencionar é que, ninguém fala exatamente como deveria falar de acordo com a escrita, e nem por isso escrevemos “errado”, levando em consideração que quando escrevemos fazemos primeiramente uma leitura mental para a partir daí escrever, e é difícil ouvir alguém falar por exemplo:”Meu caderno está aqui” e sim “Meu caderno ta aqui”, mas sabemos a forma como devemos escrever, jamais escrevendo esta mesma frase como falamos, é como se fosse um processo automático. E foi com exemplos parecidos com este que o livro me possibilitou refletir sobre a nossa forma de falar e compreender que o português não é estático sofre mutações constantes.

3 comentários:

Unknown disse...

Muito bom!

Projeto essência de Deus disse...

ótimo !

Projeto essência de Deus disse...

ótimo !

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